Mais pequena que a vizinha Amantani, a ilha de Taquile, no lago Titicaca, vale uma visita sobretudo pelo seu povo: os taquileños. A minha curta visita de algumas horas serviu apenas para descobrir alguns factos curiosos sobre as tradições desta gente. Estes são os dez que mais me fascinaram:
- Os taquileños – cerca de 2000 atualmente – são conhecidos pelas suas vestes de lã de alpaca, feitas apenas na ilha e reconhecidas como Património Cultural Imaterial da Humanidade, em 2005
- Cabe em exclusivo aos homens teceram na ilha. Começam a fazê-lo logo a partir dos 8 anos
- Os homens tecem o seu próprio barrete e cinto. O cinto é chamado de chumpi e tem a particularidade de ter lá dentro o cabelo da amada (apenas quando casam). O pedaço de cabelo é de um tamanho considerável. É uma tradição cheia de simbolismo esta de ter “uma parte” da mulher sempre com o homem.
- No chumpi pendura-se uma bolsa onde se colocam as indispensáveis folhas de coca, indispensáveis para suportar os efeitos da altitude
- O barrete é um dos fatores decisivos no “jogo de sedução” entre casais. Os rapazes têm de tecer um barrete perfeito para poderem casar. A exigência é máxima e a paciência também…
- O divórcio é proibido e até há muito pouco tempo não podia haver casamentos entre pessoas da ilha com pessoas de fora da ilha
- As crianças aos três anos são livres para andar por toda a ilha, fazer as macacadas que quiserem, andar descalços, brincar. Para um “ocidental” chega a ser angustiante ver o perigo que (pensamos nós) as crianças correm, invariavelmente seguido de uma reflexão sobre o que é realmente a liberdade. Aos cinco anos lavam a roupa, aos oito começam a tecer e aos 16 a casar.
- Não há carros, carroças, bicicletas ou outro veículo. Só se anda a pé pelos trilhos de pedra.
- Os taquileños vivem em comunidade e seguem o colectivismo. Cada habitante tem uma tarefa definida e ninguém se escapa ao trabalho. Não há crime, nem polícia. São governados apenas por um alcaide. Cereja no topo do bolo: não pagam impostos.
- A única lei chama-se “ama sua, ama llulla, ama qhilla”, qechua para “não roubarás, não mentirás, não serás preguiçoso”. Entretanto o “não mentirás” foi abolido. Afinal o século XXI também chegou a este canto do planeta…